quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Homem quadrado


O homem quadrado acordou e não sabia onde estava. Numa calçada sempre vestindo seu terno preto e seu sapato apertado. Ao abrir os olhos se deparou com o céu, cinza como sempre no meio de tempestades monstruosas que não cessavam nunca. Não entendeu como lembrava de alguns fatos e desconhecia outros tantos, e um vazio lhe corria por dentro de modo a sufocá-lo e a atormentá-lo. Se levantou em um pulo e viu gente hipócrita a sua volta, pessoas néscias, pessoas estúpidas, falsas e dissimuladas. A culpa era delas? Certamente que não. O homem quadrado quis analizá-las estava ali só de passagem, sem teto, sem voz, sem documento, não podia fazer nada.

Seu olhar parou em um homem, típico mendicante, de um olhar inocente, incrivelmente sabia o nome dele, ele era o homem com cara de fome. O homem com cara de fome estava sentado na calçada a mão estendida como quem quer (e merece) um aperto de mão. Mas (oh!) se o homem quadrado não estava enxergando mal, nas mãos do homem com cara de fome haviam moedas. Fez as contas, não dava nem para o pão da tarde. Chegou perto e o observou o mendigo, ouviu um barulho, pensou ser um trovão, mas o homem com cara de fome ficara vermelho, era a sua barriga gritando enlouquecida por comida. O homem quadrado teve pena olhou ao redor e viu uma senhora gorducha que ria alto, falava alto, gritava alto, escandalizava alto, ao lado de um homem alto. Era a mulher hiena. A mulher hiena era rica, e comia um belo sanduíche. O homem quadrado continuava não entendendo, apenas compreendeu que encontrara naquele lugar 2 realidades diferentes no mesmo contexto. O homem quadrado não aceitava tudo isso, olhou para o céu buscando por respostas, irá chuver, é hora de ir.

Segue então seu caminho, anda pelas calçadas da rua, reflete e vê que esse mundo não é o seu.

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